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Dramas de um professor que fugiu dos ataques extremistas de Mocímboa da Praia à Mueda até Montepuez
Trata-se de Sadique Assane, natural do distrito de Namuno, em Cabo de Delgado. É um dos professores deslocados actualmente afecto à Escola Primária Completa (EPC) de Mirige, distrito de Montepuez, desde o ano 2020. Assane ensinava na EPC de Mangoma do distrito de Mocímboa da Praia que, em Outubro de 2017, registou o primeiro ataque extremista.
Sadique conta-nos os dramas por si vividos ao longo dos últimos 4 anos que culminaram com a sua deslocação de Mocímboa da Praia para o distrito de Montepuez.
“Quando os homens armados nos atacaram queimaram a vila, minha casa, bem como tudo o que eu tinha. Eu
tive de fugir para o mato com os meus 4 filhos e a minha esposa. À nossa saída de casa não conseguimos levar nada. Nossos documentos foram queimados. Depois de alguns dias tivemos de atravessar para o distrito de Mueda e viemos sobressair aqui em Montepuez.” revelou.
O professor Assane contou-nos também que dos quatro filhos, dois estão em idade escolar, os quais viram o seu direito à educação comprometido por alguns meses por consequência dos ataques. “Os meus dois filhos ficaram quase metade do ano sem
ir à escola por causa das nossas deslocações, e quando re-ingressaram à escola, tivemos que os regredir de classe. Estes ataques interfereram bastante no seu aproveitamento pedagógico. Eles agora vivem com trauma. Não são mais os mesmos” sublinhou. Dados da ONU apontam que a violência extremista na província de Cabo Delgado já forçou a deslocação de mais de 784 mil pessoas, e deste número cerca de 300 mil são menores em idade escolar, comprometendo sobremaneira o seu desempenho escolar.
