Projeto Kuvikela, financiado pelo BAF, promove actividades de vermicompostagem em Matutuíne para fertilizar o solo e melhorar a produção

"...estes solos são muito arenosos, pelo que, poucas culturas se desenvolvem facilmente. É um avanço ter uma técnica que promete a melhoria do solo..." Cristina Madzile

Cristina Madzile, produtora associada da escola de campo na machamaba do camponês na comunidade de Zitundo-sede, distrito de Matutuíne, é uma dos 814 participantes na componente agrícola do projeto ''Adaptação às alterações climáticas baseada nos ecossistemas na Área de Proteção Ambiental de Maputo (MEPA): Conservar e Construir Resiliência - KUVIKELA'', e está muito interessada nas tecnologias de conservação que o seu grupo tem estado a aprender.

Devido ao principal problema de produção agrícola nas comunidades costeiras onde a iniciativa se insere, tal é a predominância de solos extremamente arenosos e com pobres em nutrientes, a ADRA estabeleceu uma parceria com o Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias para o Desenvolvimento comunitário (CITT) para dar formação em vermicompostagem, um processo que consiste na utilização de minhocas para produzir composto orgânico incorporado

no solo para melhorar a fertilidade do solo.

"Nesta comunidade, normalmente usamos estrume de galinha e de gado para a produção de vegetais porque estes solos são muito pobres. Ainda não sabemos qual será o resultado desta técnica de vermicomposto que estamos a aplicar na escola, mas a técnica em si é muito fácil de aplicar. Com o uso do vermicomposto, esperamos fazer progressos para a próxima campanha agrícola, como foi o caso com as outras técnicas que iniciámos no campo de sequeiro..." Diz Cristina - uma das agricultoras formadas.

Nesta fase, a equipa da ADRA Moçambique, responsável pela componente de agricultura de conservação no consórcio que implementa a iniciativa, está a cultivar minhocas para expandir a técnica para as restantes 22 comunidades do distrito de Matutuíne onde a iniciativa está inserida, ao mesmo tempo que assiste os produtores desta comunidade na fertilização localizada de campos hortícolas com vermicomposto.
O processo de decomposição do restolho das culturas por minhocas (vermicompostagem) é relativamente mais rápido e disponibiliza os nutrientesàs plantas de forma mais eficiente em relação

ao composto feito apenas com matéria orgânica, aumentando a probabilidade de produção de grandes quantidades deste fertilizante biológico.

Christina Madzile diz ainda que os campos agrícolas da sua comunidade são dominados por gramíneas de raízes duras e difíceis de controlar (família Cyperaceae) que exigem mondas frequentes e comprometem o desenvolvimento radicular das plantas.

"Na época das chuvas, o técnico ensinou-nos a cobrir o solo com erva seca e vimos que não era preciso mondar muito porque saía pouca erva e continuávamos a ter as culturas a crescer. É por isso que o estamos a fazer aqui na produção hortícola".
Para a época seca, a iniciativa está a apoiar os agricultores com culturas como: tomate, couve, beringela, cebola, repolho, pimento, cenoura, alface e beterraba, com o objetivo

de contribuir para a segurança alimentar das famílias e rentabilizar a atividade agrícola, contribuindo assim para a redução da pressão sobre os ecossistemas marinhos.

A ADRA (Moçambique e Alemanha) estão a implementar esta iniciativa "Adaptação às Mudanças Climáticas baseada em Ecossistemas na Área de Proteção Ambiental de Maputo: Conservando e Construindo Resiliência" em 20 comunidades do distrito de Matutuine (postos administrativos de Zitundo, Machangulo e Bela vista) e nas 3 comunidades do distrito Municipal de KaNyaka financiada pelo Fundo de Ação Azul (BAF) e em parceria com a Fundação Peace Parks-PPF (Organização-líder do consórcio), a AMA, Livaningo e CTV. É uma iniciativa de 5 anos que começou em junho de 2022 e tem um orçamento de 7.854.031€ dividido entre os parceiros implementadores.

Sobre ADRA Moçambique:
A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) é uma organização humanitária global com a missão de trabalhar com pessoas em situação de pobreza e sofrimento para criar mudanças justas e positivas. A ADRA Moçambique pertence à rede mundial da ADRA, composta por 120 escritórios nacionais de apoio e implementação. A ADRA Moçambique tem quatro sectores principais de intervenção: (i) Meios de Vida Sustentáveis; (ii) Saúde, Nutrição e WASH; (iii) Educação, e (iv) Gestão de Emergência. O Escritório Nacional foi estabelecido em 1987 em resposta às crises humanitárias resultantes da guerra civil prolongada e da seca recorrente. Em 1993, após o fim da guerra, a ADRA Moçambique ajustou o seu foco estratégico de ajuda humanitária para o desenvolvimento, correspondendo às necessidades transitórias de Moçambique.