“Com a ajuda da ADRA, nós conseguimos restaurar o Mangal”, Diz Geraldo Julião, em Nanene, no distrito de Maganja da Costa

Geraldo Julião (49 anos de idade) é pai de 4 filhos, dos quais dois rapazes e duas meninas. Geraldo reside no Bairro de Nanene, na localidade de Cabuir, Posto Administrativo de Sede Bala, no distrito de Maganja da Costa. A sua única fonte de rendimento é agricultura de subsistência.

Geraldo é membro e beneficiário do projecto ZIREF desde o mês de outubro de 2021, e faz parte de um grupo de Escola na Machamba do Camponês (EMC) denominado “OPARELANA” que em português significa “estamos seguros”. Este beneficiário conta-nos a incrível história de restauração do mangal, que a ADRA em coordenação com a comunidade do Bairro Nanene na Maganja da Costa, está a efetuar no âmbito do projecto ZIREF.

“Antes da chegada da ADRA aqui na nossa localidade, nós usávamos o mangal de qualquer maneira e por isso

ficamos propensos aos desastres naturais (…) cortávamos o mangal para produzirmos lenha e carvão, bem como para construção das nossas casas. Só que, aos poucos, fomos notando que o mangal estava a extinguir, e a água salgada começou a invadir as nossas casas e as nossas machambas.” Explicou Geraldo.

No meio da luta entre travar a fúria da água salgada e recuperar a floreta do mangal, estava um único objetivo: “defender-se de qualquer eventualidade climática”. Geraldo indica que para além do abate irracional das árvores do mangal perpetrado pela comunidade local de Nanene, houve igualmente, um grupo de empresas que abateram o

mangal para secagem de copra e produção de óleo e sabão feitos na base côco, criando assim, enormes aberturas sobre a floresta do mangal de Nanene e deixando a comunidade mais vulnerável.

“Não foi só a comunidade que destruiu o mangal, houve também algumas empresas que entraram aqui na localidade e abateram o mangal para secagem de copra, e daí, o mangal ficou completamente destruído. E por consequência disso, ficamos a sofrer por invasão da água salgada, ciclones e tantos outros desastres naturais.” Detalhou.

Este beneficiário destaca que com o apoio da ADRA e com os esforços conjuntos da comunidade, foi possível recuperar uma área de 30 hectares da floresta do mangal, em Nanene, e hoje, a comunidade testemunha ser resiliente às mudanças climáticas.

“Quando a ADRA chegou em 2021, treinou-nos em técnicas de uso e plantio do mangal. A partir daí, começamos a produzir mudas de mangal em estufa, e transplantamos as árvores em quase todas as áreas devastadas, e até aqui conseguimos restaurar 30 hectares e a maior parte das árvores cresceram. Hoje estamos mais fortes, inclusive este último ciclone não nos atingiu.” Destacou.

A ADRA Moçambique, através do projecto ZIREF, financiado pela Foodgrains Bank, encontra-se a implementar o projecto ZIREF desde 15 de setembro de 2021, visando 1,250 pequenos agricultores locais dos distritos de Mocuba e Maganja da Costa. Faz parte deste programa a restauração de 35.2 hectares de floresta do mangal de Nanene, no distrito de Maganja da Costa, dos quais 30h já foram restaurados, faltando apenas restaurar 5.2 hectares.